Templários

A Ordem do Templo de uma perspectiva histórica.

domingo, novembro 26, 2006

Hierarquia da Ordem(Revista)

Grão-Mestre: Era o Comandante supremo da ordem tanto em assuntos diplomáticos como em assuntos militares. Só respondia perante a autoridade papal.

Couvenant (assembleia plenária de todos os membros quando se trata de ir combater ou assistir a solenidades religiosas; mas é naturalmente uma assembleia restrita (elitista) para os membros mais próximos do topo hierárquico da Ordem quando se trata de discutir questões de total importância). O capítulo 98 sublinha que todos os irmãos do Templo devem obediência ao Mestre, enquanto este deve ser obediente ao seu couvent.


Senescal: Conselheiro e diplomático, este substitui o grão-mestre aquando da sua ausência

Marechal:Chefe encarregado pelas acções militares era o comandante do exercito templário.


Chefe do reino de Jerusalém: Encarregado do reino de Jerusalém nos assuntos da Ordem era na sua essência um comandante militar

Chefe da cidade de Jerusalém: Encarregado da cidade de Jerusalém era um comandante com deveres diplomáticos (responsável pela diplomacia com o rei de Jerusalém); responsável pelos templários dentro da cidade (respondia por estes).

Chefe de Trípoli e de Antioquia: Encarregado de Trípoli e de Antioquia nos assuntos da Ordem era na sua essência um comandante militar e acumulava também funções diplomáticas.

Chefes das Províncias Europeias: Encarregados das Províncias Europeias nos assuntos da Ordem eram na sua essência comandantes militares e acumulavam também funções diplomáticas.

Comandantes (preceptores das províncias principais Europeias ou do Outremer)

-Mestres: eram encarregados da Ordem em alguns reinos na esfera militar e diplomática.Na hierarquia respondiam ao Preceptor/Comandante nos assuntos (recrutamento,necessidade de tropas,logística da Ordem.) internos. Gualdim Pais foi um dos mestres para a Ordem nos três reinos.


-Drapier: Os Drapiers estavam encarregados das roupas dos Templários.


-Chefe da casa: Encarregado das diferentes casas(comendas,castelos,terras,fortalezas)

Respondia perante o Mestre e o Preceptor.

-Chefe dos cavaleiros: Encarregado do treino e observância dos Irmãos cavaleiros e Sargento do Mosteiro (muitas vezes este chefe já teria servido no Outremer)


-Irmãos cavaleiros e Sargento do Mosteiro: Estes eram o núcleo da Ordem os que usavam a túnica branca com a cruz vermelha. Cada um equipado com os três cavalos e armas. O sargento era muitas vezes (apesar de hierarquicamente estar ao mesmo nível dos Irmãos cavaleiros) um cavaleiro impossibilitado de combater ou por doença, feridas de guerra, ou porque aquando do seu ingresso na Ordem foi destacado para esse lugar.

-Turcoplier: Comandante dos Irmão-Sargento aquando da batalha.


-Sub-marechal (um Sargento). Responsável pelo aprovisionamento das tropas e seus equipamentos.


-Portador padrão.Padrão simples pertencia a um sargento escolhido carregá-lo.Portador do Beu-Sant era um dos Irmãos cavaleiros que o carregava.Qualquer um dos dois estava impedido de o usar como arma,deixá-lo cair para salvar a sua vida ou baixá-lo de modo a não ser um alvo.


-Irmão-Sargento: Estes irmãos não necessitavam de uma ascendencia nobre usavam a túnica castanha e lutavam a pé com as armas típicas de qualquer infantaria.O que os distinguia de qualquer infantaria normal era a sua cor castanha com a cruz de lado.

-Irmãos Rurais ("Feres Casalier") -Viviam nas comendas e trabalhavam a terra.

-Irmão Assistente de Doentes ("Feres Infermiers").Irmão encarregado dos doentes,era uma espécie de supervisor e médico da saúde dos outros irmãos na Ordem


-Turcopolos: Tropas locais do Outremer, eram mercenárias ou mesmo ofertas de senhores locais para apoio e defesa.

sexta-feira, novembro 17, 2006

Soube agora enquanto "passeava" pela blogosfera de um artigo do jornal O Primeiro de Janeiro sobre a situação face aos estudos templarios:
Reavaliar a condenação dos Templários

Interessou-me, ao contrario de muitos que li ao longo da fase em que o blog ficou inactivo,pois faz uma pequena referencia a uma investigadora Barbara Frale,pois mais do que o jornal diz esta investigadora já fez um estudo sobre o documento criando a ponte para o que faltava na história da Ordem.De comentar tambem que os ultimos posts são fundamentados na sua investigação.

O Poderio Financeiro do Templo-Parte 2

Tanto o espírito originário da Ordem baseado no valor penitencial da pobreza, quanto a exigência de reservar todos os recursos para os custos consideráveis da guerra, orientaram as normas no sentido de impor penas muito severas em relação á apropriação pessoal de dinheiro e também de objectos pertencentes á Ordem, o valor máximo que um templário podia deter era de 4 denários que era uma soma irrisória para a época, para alem desta soma considerava-se a culpa de furto e provocava a expulsão da Ordem.Este teor disciplinar criou ao Templo uma reputação de honestidade férrea que ainda se mantinha intacta na época do processo,levando ricos particulares e soberanos a depositar os capitais próprios nos cofres da Ordem,os templários custodiavam-nos fielmente mas sobretudo faziam render o dinheiro que lhes era confiado.Outro caso que demonstra a rigidez do Templo face ás finanças foi protagonizado durante uma expedição de Luís IX,o seu irmão é capturado e é pedido um elevado resgate que tinha de ser pago,com falta de liquidez e longe do seu reino Luís IX dirige-se ao Templo para um empréstimo:Um navio templário aparelhado com um cofre fechado á chave encontrava-se na vizinhança.Logo deduz-se que a ideia do rei fosse usar esse dinheiro para o resgate e posteriormente devolver o dinheiro á Ordem,no entanto não era permitido pelas normas templárias fazer uso do dinheiro de outras entidades de carácter particular ou politico mesmo que numa emergência só o grão-mestre teria o poder para revogar essa norma e declarar uma emergência podendo então o dinheiro ser utilizado,mas o problema agrava-se pois o grão-mestre da altura era Guillaume de Sonnac e este tinha morrido heroicamente na batalha de Al Mansurah e o processo para escolher outro grão-mestre demorava uma semana.Nesta situação fica um comandante encarregado de governar a Ordem até um novo grão-mestre ser eleito,ora um comandante não tem todo o poder que um grão-mestre tem e isso neste caso impede que o comandante possa libertar o dinheiro para o resgate.

Era então comandante Etienne d’Otricourt podendo apenas seguir as normas estabelecidas,entra numa troca de insultos com o senhor de Joinville que era da opinião que se deveria tomar o dinheiro pela força sem qualquer respeito pelas normas e leis templárias,a situação será resolvida pelo marechal da Ordem Raynaud Vichers, homem astuto e com grandes qualidades diplomáticas consegue divisar um estratagema que não vá contra as normas e leis da Ordem e ao mesmo tempo satisfaça Luís IX:Se o rei perpretasse o furto a Ordem não poderia impedir mas a Ordem poderia ser ressarcida do prejuízo com o dinheiro que Luís IX tinha nos cofres da Ordem em Acre,terminando assim com a contenda sem problemas de maior.

domingo, novembro 12, 2006

O Poderio Financeiro do Templo-Parte 1

No século XII a economia ocidental baseava se ainda nas rendas fundiárias, portanto nobres europeus que queriam auxiliar o Templo com as suas esmolas doavam á Ordem propriedades e edifícios.Todo o produto destas fazendas e também quaisquer rendas dos locatários dos bens templários eram convertidos em dinheiro e enviado para a Terra Santa, onde seria utilizado para sustentar as necessidades da guerra contra os sarracenos.

Segundo Alain Demuger que estudou os cartórios de muitas comendas templárias da região francesa, estas mesmas comendas registam uma expansão notável durante todo o século XII com numerosas vocações e doações, sinal de como a moral desta milícia já era reconhecida.Cada comenda não era só uma empresa agrícola mas também um centro de recrutamento e treino, onde os novos recrutas que seriam enviados para a primeira da Terra Santa se formavam.

As imensas transferências induzem a Ordem a desenvolver com grande rapidez a técnica bancária e financeira, valendo-se da experiência dos mercadores com quem entrou em contacto e dos seus navios que frequentavam os principais portos do Mediterrâneo.

Em 1179 a Igreja sancionara com uma enérgica condenação a actividade do empréstimo, que frequentemente era identificado com a usura; no entanto a economia da época estava a mudar, tomando uma orientação diversa, que passava a previligiar o trafico e a circulação de capitais.Os templários não diversamente de outras ordens religiosas e até de bispos, emprestavam dinheiro por um juro moderado que muitas vezes vinha dissimulado sob a forma de um penhor.O valor material do objecto serviria para compensar a Ordem da soma perdida no caso de não haver reembolso; os inventários das comendas templárias madados redigir por Filipe, O Belo depois da prisão de 1307 testemunham a presença de vasilhame precioso,roupas femininas de seda e outros objectos de valor deixados como deposito.

sexta-feira, novembro 03, 2006

A Solidariedade-2

A quem tentasse alterar os provimentos achando-os demasiado pobres, eram atribuídos outros objectos ainda mais pobres. Nenhum templário estava autorizado a modificar por sua iniciativa a sua “farda”(entenda-se como um conjunto desde roupa até a armas) sem ordem de seus superiores. Esta preocupação com o uniforme devia–se sobretudo a imprimir no cavaleiro um sentimento de pertença a algo maior, a uma comunidade, ao interesse da qual cada um devia estar sempre subordinado, perdendo com isso quaisquer conotações individuais que trazia da cavalaria laica.

Numa visão geral o sentido de comunidade era exaltado pelo conceito cristão de fraternidade. Cada templário tinha o dever de vigiar os seus companheiros e se se apercebesse de qualquer falta devia exortar o culpado a redimir-se, se não fosse capaz deveria pedir a outro confrade para fazer o mesmo; tudo com a maior discrição possível; se falhasse eram obrigados a recorrer ao Capitulo da Ordem. Tudo o que pudesse destruir a coesão do grupo era drasticamente condenado. O facto de serem proibidos de usarem arcas com fechaduras demonstra a vontade de condenar o conceito de propriedade individual. Um motivo análogo impunha que os templários não pudessem ler as suas cartas em privado, mesmo que fossem dos seus pais, nem receber as suas dádivas, as quais deviam passar pelo crivo dos seus superiores.

Grande parte das normas que se ocupavam da disciplina dos movimentos em batalha visavam refrear o espírito individualista e incutir um sentimento de fazer parte de um todo, são muitos os preceitos que proíbem os irmãos de se afastarem das fileiras, ou desviarem-se da disciplina estabelecida pelos superiores, de avançar ultrapassando os outros, ou de tomar iniciativas segundo o próprio arbítrio. Única excepção: salvar um cristão dos turcos ou um confrade em risco de vida.

quarta-feira, novembro 01, 2006

A Solidariedade-1

Uma analise de fontes revela que esta Ordem caracterizava-se por ser terrivelmente compacta, na cavalaria laica a iniciativa pessoal normalmente provocava um elevado grau de desordem, fazendo uma comparação, o Templo era o único corpo do exercito cruzado capaz de ter uma disciplina constante.

Tomando por exemplo um episodio da Segunda Cruzada em que Luís VII rei da França enquanto atravessava os montes da Anatólia encontrou-se em perigo devido ao comportamento desordenado do contingente cristão, no seio do qual só a milícia templária obedecia á disciplina e ordem de marcha.

Nos séculos XII e XIII de todo o contingente de cavalaria franca no Outremer o contributo do Templo rondaria um quarto desse mesmo contingente, mas no plano militar da Ordem este não seria concebido como um exercito, mas sim como um corpo militar escolhido, composto principalmente por cavalaria. O especialista em história militar Claude Gayer sublinha: “A nova cavalaria do Templo, experiente e organizada, dotada de uma ideologia própria, é a prefiguração daquilo que fará a superioridade dos exércitos recentes sobre os da Idade Média e do ancien regime em geral (…). O Templo é incontestavelmente o que de melhor o medievo clássico produziu em matéria de disciplina militar.”

Ora como os cavaleiros do Templo eram todos do mesmo meio social, a cavalaria laica, eles tinham um sistema de valores a respeitar e comportamentos a ter, mais facilmente teriam uma visão do mundo partilhada, á qual é necessário aderir e ser unanimemente aceite. Era pois necessário ter em conta que os cavaleiros já eram um grupo antes mesmo de ingressar na Ordem. No que respeita ao impulso individualista de se distinguir prevalecendo sobre os outros, inserido na então mentalidade cavalheiresca das justas e duelos para ganhar fama, era punido dentro da Ordem com uma contrapartida: