quinta-feira, abril 28, 2005
Restauro e Conservação
Já que falamos da Charola de Tomar aqui se encontra um texto do IPPAR numa intervenção efectuada para o restauro e conservação deste monumento.
Património Móvel e Integrado
Plano Geral de Intervenção no Interior da Charola do Convento de Cristo
Exemplar único a nível nacional e internacional, o interior da Charola é, em si mesmo, a materialização de um vasto programa artístico, de espectro ideológico bem definido, constituído por pintura sobre pedra, pedra policromada, escultura policromada de madeira, talha dourada, estuques pintados, pintura retabular. A pintura mural e os estuques pintados dos planos verticais do edifício são aqueles que se encontram em estado de conservação mais preocupante, revestindo-se o seu tratamento de um interesse particular devido ao facto de os correspondentes espécimes terem recebido, ao longo dos tempos, intervenções várias que desvirtuaram, em muitos casos, a qualidade de execução inicial.
Entre 1995 e 1998 desenrolou-se uma campanha de intervenção na abóbada da Charola, que consistiu na eliminação da cal e dos medalhões pintados oitocentistas, visando a reposição das pinturas murais quinhentistas.
Contemporaneamente (1996) procedeu-se à consolidação dos estuques que circundam as janelas localizadas na parte superior das paredes exteriores.
Todas estas intervenções pautaram-se, contudo, por serem intervenções parcelares e desarticuladas, não estando integradas num plano global de intervenção de todo o conjunto.
A importância, complexidade e especificidade deste conjunto ímpar tornou necessário delinear uma intervenção concertada e integrada, que deverá decorrer localizadamente, em sequências verticais, tramo a tramo, permitindo que o restante espaço da Charola continue visitável durante os trabalhos.
Com este objectivo, a partir de 1998, e antes de se proceder à desmontagem dos andaimes que cobriam a totalidade da Charola, foram executados uma série de levantamentos e de trabalhos preparatórios, visando a compreensão deste conjunto em cada um dos seus componentes e na sua globalidade.
Assim, decorreu de Novembro de 2001 a Abril de 2002 um estaleiro-piloto para o tratamento das superfícies arquitectónicas interiores da Charola .Para além dos objectivos normais de estudo, diagnóstico e tratamento, com este estaleiro procurou-se sobretudo encontrar as metodologias de intervenção mais adequadas e uma proposta de apresentação final a considerar como “meta” na apresentação geral do conjunto.
Os trabalhos prosseguem agora nas restantes superfícies.
Exemplos da intervenção realizada na área-piloto:
Pintura a óleo sobre pedra
Estuques
Pintura a tempera sobre pedra
Pintura decorativa
Documentação
quarta-feira, abril 27, 2005
Considerado património mundial pela UNESCO, desde Dezembro de 1983, o Convento da Ordem de Cristo e Castelo Templário, em Tomar, formam um conjunto monumental único no seu género tendo a Igreja octogonal Templária, sido construída a Ocidente e a alcáçova com torre de menagem a Oriente.
A Charola de Tomar baseou-se no tipo de mesquitas sírias, gosto adquirido pelos cavaleiros da Ordem do Templo durante as lides orientais, e por eles aplicada no Ocidente. é um raríssimo santuário da Alta Idade Média que segue o protótipo da Ermida de Omar (Jerusalém), modelo igualmente aplicado nas Capelas de Eunate (Navarra) e Vera Cruz (Segóvia). No princípio do século XVI, a Charola, oratório dos Templários, foi adoptada como capela-mor do novo templo que então se erigiu, o Convento de Cristo.
Nas paredes da Charola subsiste ainda grande série de pinturas sobre madeira, constituídas pelos painéis A Entrada de Jesus em Jerusalém, O Pedido do Centurião, A Ressurreição de Lázaro, A Ressurreição, A Ascensão, O Baptismo de Cristo (incompleto) e possivelmente A Confissão de Santa Rita.
Recentemente na tentativa de restaurar estas imagens foram descobertas outras por debaixo, mais antigas, estando-se num impasse em relação ao que fazer.
terça-feira, abril 26, 2005
O Castelo de Tomar
Castelo de Tomar
Fundado no século XII, depois de cuidadosa escolha de sítio, tinha a finalidade de ser cabeça da Ordem do Templo e de consolidar a posse de territórios reconquistados mas não seguros. Estudaram o assunto dois notáveis estrategos, companheiros de armas e amigos - D. Afonso Henriques e Gualdim Pais, Mestre da Ordem do Templo nos três reinos. Era necessário defender a velha estrada romana de Santarém a Coimbra e evitar aos muçulmanos possíveis travessias do Tejo, ameaças imediatas a Santarém e Lisboa. Aproveitou-se na construção muita pedra da cidade-morta de Além da Ponte, a Sellium romana, na margem fronteira do Nabão. Este castelo revela a mais avançada arquitectura militar da época, a que se realizava na Terra Santa, trazida por Gualdim Pais e outros cavaleiros Templários - duas cintas de muralhas, o emprego conjunto de torres redondas e cubelos, semelhanças de portas de muralhas, a maravilhosa Charola inspirada no Templo de Jerusalém. Em 1190, com o intuito de retomar Silves, o emir de Marrocos, Yacub Al-Mansur à frente de grande exército acrescido de tropas dos reis andaluzes, deixou cercada aquela grande praça algarvia e avançou para o norte, cruzou o Tejo, cercou Santarém com o rei D. Sancho I dentro, destroçou Torres Novas e Abrantes e dispunha-se a fazer o mesmo a Tomar. Ao fim de seis dias os Templários mantinham invicto o castelo, onde se refugiara a população, e causavam tremendas baixas aos mouros, principalmente quando estes conseguiram forçar a porta do sul e entrar aos milhares na cerca exterior. Num imediato contra-ataque os cristãos repeliram os islamitas com tal ímpeto que a porta do assalto e da fuga dos inimigos passou a ser conhecida como Porta do Sangue. De salientar que Gualdim Pais ainda vivia com 70 anos e era ele que comandava a defesa do castelo contra as tropas deYacub Al-Mansur.Retiraram as tropas muçulmanas, mas antes arrasaram a vila e os campos em redor.
terça-feira, abril 12, 2005
Castelo de almourol
As raízes históricas da edificação do Castelo de Almourol apontam para o século II Antes de Cristo. O castelo terá sido erguido no local de um primitivo castro lusitano conquistado pelos romanos durante a ocupação da Península Ibérica. Posteriormente, foi ocupado pelos Alanos, Visigodos e Mouros.
A fortaleza de "Almorolan" (do árabe pedra alta) foi conquistada aos mouros no reinado de D. Afonso Henriques (1129) que a doou a Gualdim Pais, mestre da Ordem dos Templários, encarregue da defesa da zona do Tejo.
Entre 1160 e 1171, o Castelo de Almourol foi reedificado e terá sido várias vezes restaurado nos reinados seguintes. Esteve na posse dos Templários até 1311, num ponto vital de comunicação das províncias do Norte e do Alentejo com a capital, nomeadamente, no comércio de azeite, trigo, madeiras, carne de porco e frutas.Em escavações efectuadas no interior e no exterior foram encontrados vários vestígios da presença romana (moedas, uma inscrição numa coluna e restos de alicerces) e, naturalmente, do período medieval (medalhas, dois colunetes de mármore, etc...).
Entre 1160 e 1171, o Castelo de Almourol foi reedificado e terá sido várias vezes restaurado nos reinados seguintes. Esteve na posse dos Templários até 1311, num ponto vital de comunicação das províncias do Norte e do Alentejo com a capital, nomeadamente, no comércio de azeite, trigo, madeiras, carne de porco e frutas.Em escavações efectuadas no interior e no exterior foram encontrados vários vestígios da presença romana (moedas, uma inscrição numa coluna e restos de alicerces) e, naturalmente, do período medieval (medalhas, dois colunetes de mármore, etc...).
segunda-feira, abril 11, 2005
O Poder económico da Ordem do Templo.
Este poder existiu de facto tendo a Ordem desde cedo desenvolvido um sentido económico muito avançado para aquela época. Tendo sido a Ordem criada com vista à protecção dos caminhos da Terra Santa que ligavam a Jerusalém era necessário um apoio externo com uma sólida base financeira.
Cada templário tinha os três votos que qualquer freire tinha, pobreza, castidade e obediência; estes votos fariam com que todos os bens do novo membro fossem entregues à Ordem; tirando alguns casos.
Outro factor foi a sua própria missão, a peregrinação a Jerusalém era uma parte importante da mentalidade medieval e a insegurança das estradas obrigava a que os peregrinos viajassem em autenticas expedições armadas que chegavam aos milhares de homens totalmente armados só para irem a Jerusalém com a protecção da Ordem a segurança seria melhor e mais efectiva uma vez que os cavaleiros templários provinham na sua maioria de famílias nobres e já conheciam as lides do uso das armas e da guerra.
Não seria portanto de admirar que as doações fossem muitas para esta Ordem desde o mais humilde ás mais ricas como a doação de autênticos territórios senhoriais.
Cada território que era doado ou comprado tinha que ser trabalhado de maneira a que os seus lucros fossem dirigidos para a Terra Santa.
A criação de cavalos era um dos pontos-chave da Ordem que lutava na sua essência a cavalo, centenas de cavalos iriam ser criados na Europa com um destino final o combate na Terra Santa.
Este panorama resumido esconde o dinheiro que era necessário enviar para a Terra Santa, a Ordem não só tinha de combater como também tinha de proteger e gerir a defesa de fortalezas que não tinham nenhuma fonte de rendimento e estavam mesmo na fronteira com os inimigos, era; pois; necessário um constante fluxo de mantimentos, armas, cavalos e dinheiro para pagar a tropas que estivessem a apoiar os templários; todas estas necessidades teriam que ser supridas pelas doações e pela gerência das comendas (nome que define edifícios templários numa propriedade assim como a propriedade e o seu termo).
O Processo de Extinção na Península Ibérica.
Com a ameaça muçulmana diminuída a Ordem do Templo passará mais a gerir as suas terras do que a lutar, apesar de as doações a esta ordem nem por isso pararem.
Foi durante o reinado de D. Dinis que se evidenciou a distinção da política Ibérica em relação ás restantes.
Procedendo a uma diplomacia cuidadosa D. Dinis prepara juntamente com os dois reis Ibéricos de Leão e Castela um processo de maneira a salvaguardar os bens e os freires da Ordem, um acordo com o papa é feito e a Ordem dos Hospitalários não receberá os bens dos templários nos três reinos os bens passam para a coroa sem no entanto a coroa dispor destes bens sem o consentimento papal.
O concílio de Salamanca declarará os Templários dos três reinos; Leão, Castela e Portugal; inocentes de todas as acusações.
Foram criadas nestes reinos Ordens para acolher os templários uma vez que o processo de extinção já não poderia voltar atrás.
Em Espanha a Ordem de Nossa Senhora de Monteza, pouco conhecida pois ficará sob a tutela da Ordem de Calatrava.
Em Portugal foi crida a Ordem Militar da Milícia de Cristo com sede no Algarve em Castro Marim e que depois do processo dos bens da Ordem do Templo estar resolvido será transferida para Tomar.
quarta-feira, abril 06, 2005
Huges de Payns esta figura de tão essencial para a nova Ordem. Nasceu segundo se pensa em Payns a cerca de um quilómetro de Troyes por volta de 1080, no seio de uma família nobre aparentada com os condes da Champagne. Esta suposição tem como base o facto de a sua assinatura figurar em dois registros importantes do Condado. Assim como o facto de que este Huges ser primo de São Bernardo pelo lado materno. Facto que explica a ligação que existiu pelo menos no principio da Ordem à região da Champagne e a São Bernardo. Laços de sangue que durante o período medieval eram tão importantes teriam ajudado Huges de Payns, quando começou o recrutamento na sua Ordem, a ser tão largamente bem recebido na Champagne.
No entanto apresento outras tentativas que devem ser consideradas apesar do pouco estudo que existe sobre as mesmas.
Outra hipótese seria que existiria a ligação a Nápoles e o seu nome seria não Huges de Payns mas sim Hugo de Pinos e que um manuscrito do sec:. XVIII conservado na Biblioteca Nacional de Madrid poderia dar essa informação. Até hoje esse mesmo documento não foi encontrado.
A outra hipótese seria a de que Huges era proveniente de Ardèche onde em 1897 foi encontrado uma certidão de nascimento com o seu nome e a Biblioteca Municipal de Carpentras ainda conserva nos arquivos um manuscrito que numa doação, o seu nome Hugues de Payns é referido como originário de Viviers que é em Ardèche.